domingo, 1 de abril de 2012

TV: A primeira semana de Avenida Brasil


Passada uma semana já dá pra palpitar, opinar e discutir um pouco sobre “Avenida Brasil”.

                Para quem estava acostumado com os tweets e as alfinetadas de Aguinaldo Silva, é notável a discrição de João Emanuel Carneiro, o que contribui para a trama, na medida em que o foco está no enredo em si e não no ego de quem o escreve. João Emanuel é atualmente o melhor autor de novelas da Rede Globo (foi dele também “Da Cor do Pecado” e “A Favorita”), por duas principais razões: ter um roteiro muito bem trabalhado e um texto ágil, onde não existem cenas vazias e personagens sem rumo; e pela sua originalidade, com núcleos raros (é o caso do lixão) e propostas inéditas (a dúvida de quem era a vilã e a mocinha em “A Favorita”, por exemplo). E é esta a originalidade que falta nos demais autores. Para citar dois, Manoel Carlos aparece sempre com sua Helena, seu Leblon, suas famílias de comerciais de margarinas. Gilberto Braga, por sua vez, não escreve nada sem um “Quem Matou?”.
                Se de autor estamos bem servidos, de elenco nem tanto. Com exceção da sempre ótima Vera Holtz, faltam nomes de peso. Por isso, já palpito que a protagonista dessa novela – aquela que roubará a cena - será a vilã Adriana Esteves. E além do inegável talento que Esteves mostrou nessa primeira semana, mais um motivo que poucos se lembram, me leva a tal hipótese: foi ela que viveu a lendária Nazaré Tedesco, na primeira fase de Senhora do Destino.
                Já os outros atores principais ficam devendo: falta estrada pra Marcello Novaes, Murilo Benício parece não ter desencarnado o Dodi de “A Favorita” e, no mínimo, precisa emagrecer uns 10kg para interpretar um jogador de futebol.  E que Deus ajude Débora Falabella a não ser uma mocinha sem graça. A exceção aqui ocorre com Heloísa Perissé, que, acostumada a papéis cômicos, surpreende no sofrimento de sua personagem.
                De resto, vale destacar Alexandre Borges, que está impagável (e muito bem servido!) com suas três mulheres. Palpito aqui que ele fica com Carolina Ferraz no final. E a menina linda da Mel Maia, que carrega raiva e ódio sem tirar a doçura de criança. É impressionante a dramaticidade, a expressão facial e o talento da menina, como se fosse veterana de décadas. E foi dela a melhor cena da primeira semana: o casamento de mentira de Rita e Batata. Com certeza, Mel Maia já é atriz! Infelizmente o tempo passa e ela cresce, mas com tamanho sucesso que teve nessa primeira semana, não duvido nada que ela não volte como filha de alguém.
                Entre poucos erros e muitos acertos, “Avenida Brasil” supera “Fina Estampa” disparadamente. Que João Emanuel Carneiro continue nas sombras dos holofotes e que o elenco consiga levar a trama. Teremos surpresas, com certeza. Mas serão essas surpresas que arrancarão uma boa audiência e farão desta a melhor novela dos últimos tempos.

3 comentários:

  1. Gosto do João Emanuel Carneiro; sua melhor novela é A Favorita, e também curti alguma coisa do que passava em Da Cor do Pecado (novela essa que deu altos índices de ibope pra uma novela das 7h da época e com que fez o autor ganhar espaço no horário nobre).

    Você ñ tem razão quando diz que Fina Estampa ruim... Fina Estampa foi PÉSSIMA! A bem da verdade, uma novela que tinha tudo pra ir bem, mas sabe-se lá por quê, o angu azedou! Rsrsrs...

    Não poderei acompanhar a Avenida Brasil todos os dias, mas pretendo me inteirar e torcer pra que seja um pouco melhor que sua antecessora (e não precisa muito pra isso... rsrsrs)...

    Abraços

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  2. Pois é, dois dias depois da postagem, olha o que está escrito em uma notícia sobre Mel Maia, na Folha.com:

    "Em “Avenida Brasil” sua participação será esticada. Ela vai aparecer na memória dos personagens de Débora Fallabela (que faz a personagem Ritinha já adulta), Cauã Reymond e Adriana Esteves."

    Não como outra personagem, mas João Emanuel Carneiro deu um jeitinho pra prolongar o talento da atriz mirim em sua novela. ;)

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  3. Vendo as cenas do dia 07/04, acho que Débora Falabella vai ser uma grata surpresa,a personagem em si tem tudo pra ser (não é uma mocinha passiva, o que já ajuda muito).

    Essa novela já tem tudo pra ser tão boa quanto foi "A Favorita". Esse ritmo acelerado (que já é marca do autor) é ótimo, eu assisto tendo a certeza de que o autor sabe o que está fazendo, diferente de certos autores por aí...

    Carlos - RJ

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