quinta-feira, 12 de abril de 2012

LITERATURA: Sobre a Rainha do Crime, Agatha Christie.


Eu me lembro bem: era um réveillon na praia. E pra não perder o costume que tenho, quando fui dormir, altas horas da noite, li um pouco. E pra não perder o costume, comecei um novo livro. Todo o dia 1º de janeiro eu começo um novo livro. O ano que iniciava era 2008 e o livro era “O Homem do Terno Marrom”, capa preta, edição da Altaya. A escritora: Agatha Christie. 

                Foi ali meu primeiro contato com a Rainha do Crime. De lá pra cá, somaram-se dezenas e dezenas de livros, o interesse pela sua história e por todos os detalhes e curiosidades que rondavam sua vasta obra. Pra quem não tem um contato muito próximo com livros, Agatha Christie é um bom começo. Duvido que depois que você ler algum livro forte dela, não se interessará por Sidney Sheldon, Conan Doyle, e, posteriormente, por Umberto Eco, por exemplo. Como eu considero o melhor começo para um futuro bom leitor, achei um bom começo para falar de literatura aqui no blog.
                Pra começar, eu destaco o certo preconceito que Agatha e outros autores do ramo, como o próprio Sheldon, sofrem por aqueles leitores estudiosos e críticos. Dizem eles que autores assim fazem “literatura barata”, “pra vender”, e que o certo então é ler Cervantes, Dante e tantos outros nomes clássicos. Com certeza isso é um absurdo. Agatha Christie faz literatura de lazer, fácil de ser compreendida. O único objetivo é entreter o leitor, o fazendo descobrir as pistas, amar e odiar os personagens, envolver-se na trama. Agatha Christie é uma boa formadora de leitores “mais encorpados”, visto que ninguém começa lendo Cervantes, e por esse motivo seu nome tem que ser respeitado. Não se pode ignorar o fato de que a bibliografia de Agatha Christie é a terceira mais lida no mundo, perdendo apenas para a Bíblia e a para Shakespeare. E também que sua peça teatral “A Ratoeira” é o espetáculo a mais tempo em cartaz no mundo: são quase 25.000 apresentações, ao longo de 60 anos, em Londres.
                Ficou mais fácil de ler Agatha Christie nos últimos anos, depois que a LPMPocket começou a relançar suas obras. São cerca de 80 romances policiais, além de contos, peças e romances não-policiais que Agatha escreveu com o pseudônimo de Mary Westmacott.
                Você pode começar a ler por ordem cronológica, desde “O Misterioso Caso de Styles” até “Cai o Pano”. A vantagem é que você verá claramente as transformações dos principais detetives de Agatha, Hercule Poirot e Miss Marple. A desvantagem é a rigidez da leitura. Ou você pode começar a ler aleatoriamente – o que eu aconselho -, sempre prestando atenção nos anos de publicação e nos detetives dos livros. Não é raro Poirot citar casos antigos, por exemplo. Só não faça de suas primeiras leituras  “Cai o Pano” nem “Um Crime Adormecido”: os dois livros narram a morte dos detetives (respectivamente, Poirot e Marple); Agatha Christie guardou num cofre os manuscritos do livro para que fossem publicados após sua morte, com o objetivo de não deixar que nenhum outro escritor desse outro fim para seus heróis. “Um Crime Adormecido” não li ainda, mas posso assegurar que a morte de Poirot é linda!
                Aliás, não é só de sangue que sobrevive os escritos de Agatha. Às vezes encontramos esse lirismo da morte de Poirot em outros de seus livros, o que deixa a trama mais bonita e interessante. É o caso por exemplo do final de “A Mansão Hollow”, com o triste e lindo choro de Henrieta Savernake.
                Agatha também tem livros mais fracos, como “Um Corpo na Biblioteca” e “O Natal de Poirot”. E tenha cuidado com livros que estão sendo lançados inéditos agora, como “A Teia de Aranha” e “O Visitante Inesperado”, não sei se colocam o nome de Agatha pra vender mais ou se realmente é uma parceria. O fato é que livros inéditos surgidos agora não podem ser comparados e classificados com a sua bibliografia deixada em vida. Mas não deixe de ler pelo menos suas obras-primas “O Caso dos Dez Negrinhos” (o melhor! Maravilhoso!) e “Assassinato no Expresso do Oriente” (surpreendente!), e uma indicação particular, “A Casa Torta”, outro livro singular. 



               Enfim, já me estendi. E ainda há tanta coisa pra falar que eu prometo voltar pra comentar sobre seus detetives, as adaptações para o cinema e a vida da “Duquesa da Morte”. Por enquanto, corra a qualquer livraria e comece a colecionar os novos livros de bolso que estampam o nome de Agatha na capa. Com certeza, uma envolve história te aguarda e, muito provavelmente, será o início de um vício, um bom vício.

2 comentários:

  1. Menino, é sempre um prazer enorme ler sobre Agatha Christie e concordo com você que ela merece todo respeito do mundo, afinal de contas, suas publicações só perdem para a Bíblia e as de Shakespeare, independente de se apreciar o seu estilo literário, o respeito é mais do que merecido.

    Já li todos os livros de Madame e os que menos apreciei são os de tema sobre espionagem, mesmo assim, gosto muito de um que a maioria dos fãs de Agatha não gosta, aliás, odeiam, é Passageiro para Frankfurt. Outro que aprecio muito pouco é O Caso do Hotel Bertram mas que vale a pena ser lido pelo ambiente ali descrito (o próprio hotel) e mais ainda pelo personagem Cônego Pannyfatter (ou algo por aí, não me lembro como escreve...rs...) que é um dos personagens secundários de Agatha Christie que mais adoro.

    E falando em personagens secundários que adoro há a Cinderela e Lady Lucy, esta, aparece em A Mansão Hollow, entre tantos outros que me fogem à memória agora.

    Minhas preferências pelas obras de Agatha são as que citou aí também, menino, O Caso dos Dez Negrinhos - um suspense psicológico fabuloso - seguido de Assassinato no Expresso do Oriente e A Casa Torta cujos finais são pra lá de surpreendentes.

    Quanto ao cuidado que recomenda aí posso dizer que a maioria dos livros de contos de Agatha publicados no Brasil têm dois ou três que são inéditos, o restante, já apareceram em outras antologias.

    Acabei de ler Os Últimos Casos de Miss Marple e, pasmem, nem um único conto foi inédito para mim, estou até a pensar se a edição que adquiri está com problemas. Mas, a bem da verdade devo dizer que adorei reler os contos, toda releitura de Agatha vale a pena, eu acho... :D

    Espero ansiosa por outros posts que tragam as curiosidades sobre a vida, a obra e principalmente seus detetives que, cada um à sua maneira são brilhantes.

    Ah, sim, faltou dizer que Agatha é minha minha escritora favorita. :D

    Valeu Sir Henry, adorei!

    bj da angel ;)
    http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/

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  2. Eu curto Agatha Christie desde a infância (será que sou meio psicopata e não sei??). Adoro "O caso dos dez negrinhos" (que agora se chama "E não sobrou nenhum" devido ao ranço politicamente correto ianque) e "Assassinato no Orient Express", mas recomendo também "A casa da colina" e uma das melhores peças de teatro da história, "Testemunha da acusação", que virou filme genial nas mãos de Billy Wilder, com Marlene Dietrich e Charles Laughton. Vale MUITO a pena assistir ao filme!

    Abração
    Clênio
    www.lennysmind.blogspot.com
    www.clenio-umfimepordia.blogspot.com

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