Mais um ano começa, mais um BBB
começa e mais críticas e defesas em relação ao programa aumentam o feed de
notícias de cada um no Facebook. Me sinto tão incomodado com alguns posts que
torna-se inevitável eu expor minha opinião.
Primeiro, o Big Brother não irá
acabar com dois pontos a menos na audiência. Não gastem tempo compartilhando
correntes de “não assista o BBB, vamos terminar com esse programa!”. Isso não
adianta. Quem faz o BBB são os seus patrocinadores: o guaraná Antárctica, a
Fiat, o Niely Gold, a OMO, a Skol, enfim... Eles pagam fortunas para a Globo divulga-los
e isso torna o BBB O PROGRAMA MAIS RENTÁVEL DA EMISSORA: nenhuma novela em
horário nobre rende tanto em 8 meses no ar o que o BBB rende em 3. Ou seja,
você pode até gostar mais da Carminha, mas a Globo prefere o Bial.
É claro que esses anunciantes só
pagam tal valor porque tem gente (e muita) que assiste e porque eles têm muito
dinheiro (pare de usar Niely Gold, Omo, beber Skol, Antártica. Isso ajuda
também, sabia?). É claro também que à medida que cai a audiência do programa o
número de marcas interessadas tende a reduzir: do BBB 12 para o BBB 13 o número
de patrocinadores caiu de 19 para 14. Significativo, não? Mas ainda há 14,
entende?
Segundo, o Big Brother Brasil é
um programa de entretenimento. Não é pra ser culto. Parem de postar fotos de
livros caindo com a legenda “Cada vez que você assiste o BBB, um livro seu se
mata na estante.”. Não! Não tem nada a ver! E outra, não é “assiste o BBB” e
sim “assiste ao BBB”. Não sou viciado em Big Brother, mas assisto quando quero
dar algumas risadas, quando me simpatizo com alguém, enfim, e garanto que leio
muito mais que 98% (sim, 98%) da população brasileira. E conheço gente idem. Aliás, o
apresentador do programa é um dos intelectuais mais conhecidos e renomados do
país.
O BBB não tem como objetivo ser
culto. E a televisão brasileira também não. Você que não assiste ao BBB e assiste
ao Faustão: qual a diferença? Você aprende alguma coisa vendo o Faustão com
aqueles discursos sem pé nem cabeça? Você aprende alguma coisa vendo aquele
lixo do “Melhor do Brasil” e as dancinhas ridículas que o Rodrigo Faro faz?
Mais, você aprende alguma coisa vendo a Carminha? Vamos pegar esse exemplo de
Avenida Brasil, que foi o mais inegável sucesso da Globo no ano passado: o
Brasil adorou a novela, que se passava num bairro popular, com gente popular,
que vivia discutindo a vida dos outros. Não é o mesmo? Me impressiona os “cultos”
que não assistem ao Big Brother e cuidam quando o vizinho troca de carro.
A TV aberta brasileira é um lixo.
E o BBB funciona apenas como um bode expiatório. Programas que são de boa
qualidade, “cultos”, em que se “aprende” alguma coisa se conta nos dedos: o Roda
Viva, o Sem Censura, uma ou outra entrevista do Jô Soares ou da Marília
Gabriela, por exemplo. Você, que posta essas coisas, me diz: conhece o “Sem
Censura”? E o “Pânico”?
Terceiro e último, é que o BBB tem
uma baita produção e funciona como reality show (muito mais do que “Salve Jorge”
funciona como novela, por exemplo). E isso também dá fôlego para tantos anos de
programa. As provas criadas para gerar conflito, o Bial como um participante
ativo na dinâmica do jogo, a objetividade das regras, etc. faz com que por
vezes o que se passa na casa realmente seja interessante ser observado. Algo
que “A Fazenda”, por exemplo, tenta há alguns anos e não consegue.
Não quer assistir ao Big Brother?
Não assista. Eu também não assisto ao Pânico e até acho um absurdo um programa
daqueles, mas nunca disse para ninguém deixar de assistir e nunca vi campanhas
com esse teor. Se quiser, pode até pegar um livro meu emprestado.