sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

DESTAQUES DE 2012 NA TV, NO CINEMA E NO TEATRO


Um Livro – Nelson Rodrigues por ele mesmo (Sônia Rodrigues)


Mais de trinta anos após sua morte e no centenário de seu nascimento, é prazeroso ter um livro inédito narrado pela voz do dramaturgo, como se ele ainda estivesse vivo. Com as fichas de sua obra completa, suas frases mais marcantes, o livro traz uma visão do próprio Nelson Rodrigues sobre os fatos que ele retratava, extraídos de reportagens, depoimentos e entrevistas. Um presentão de sua filha, Sônia Rodrigues.


Uma peça nacional – Estamira: beira do mundo


Sair do teatro extasiado e sentir que os outros espectadores partilham desse sentimento. Foi isso que aconteceu comigo, depois desse monólogo. É um texto tão fácil de entender e ao mesmo tempo tão profundo que é impossível não mexer com quem assiste. E o trabalho da atriz Dani Barros não comporta adjetivos. Mereceu todos os prêmios que levou e os que não levou também.



Uma peça regional – Os Plagiários: uma adulteração ficcional sobre Nelson Rodrigues


Juntar quatro grandes grupos da cena gaúcha e homenagear Nelson Rodrigues, com texto de Diones Camargo e música de Arthur de Faria. Precisa falar mais?


Um filme – War Horse (Cavalo de Guerra)


Estrelado pelo jovem Jeremy Irvine e por seu cavalo Joey, War Horse é daqueles filmes que não são esquecidos.  Tem de tudo: um pouco de aventura, outro pouco de risada, um tanto de emoção, além de surpresas e reviravoltas. A bela fotografia e a destacável direção de Steven Spielberg ajudam a fazer deste o meu filme do ano. Lindo!


Uma atriz – Adriana Esteves


Basta dar um papel de destaque para uma boa atriz se destacar. Simples assim. Por acompanhar o trabalho – e o talento – de Adriana, previ no primeiro post do blog que ela ia ser o que foi. Colocou todo mundo no bolso, roubou a cena, roubou a novela, roubou o ano. Indiscutivelmente, o ano é dela e Carminha entra pra galeria de personagens memoráveis.


Um ator – Domingos Montagner


Se em 2011 já tinha aparecido como Herculano em Cordel Encantado, foi em 2012 que Domingos Montagner entrou de fato no elenco global. E no bom elenco global, grupo cada vez menor, diga-se de passagem. Começou o ano bem, como o presidente Paulo Ventura de O Brado Retumbante e terminou o ano bem, como o Zyah de Salve Jorge.


Um programa de TV – The Voice Brasil (Rede Globo)


Mesmo pecando em alguns aspectos da competição e até na escolha dos técnicos (vamos combinar que tinha participante cantando (MUITO) mais que a Cláudia Leite e o Daniel...), o programa foi um sucesso. A produção dos números realmente foi espetacular e Thiago Leifert surpreendeu. Tornou-se uma alternativa nas entediantes tardes de domingo. Além disso, o fato de uma negra, gorda e homossexual ter ganhado o programa (e o Brasil) pelo talento de sua voz foi um marcante sinal de avanço.


Uma série de TV – Sessão de Terapia (GNT)


Uma proposta inédita no Brasil, uma direção de Selton Mello e um elenco refinado, mesclando nomes mais conhecidos com outros mais desconhecidos, vindos do teatro.  A série investiu na divulgação e fez muita gente ligar no GNT, alavancando bons índices de audiência. Com alguma comédia e bastante drama, Sessão de Terapia não só mostrou qualidade como virou a série do ano. Destaque para Zécarlos Machado que custou a convencer que era um ator e não um psicólogo de fato.


Uma morte – Millôr Fernandes


2012 foi um ano de grandes perdas. Mas a intelectualidade brasileira perdeu um dos últimos grandes pensadores do século XX. Grande ilustrador, caricaturista, escritor, tradutor e frasista (sim, tudo isso!) Millôr morreu dia 27 de março de 2012, aos 87 anos, deixando o Brasil um tanto mais burro.


Um vídeo – Gangnam Style


Não sei nada além de que é o primeiro vídeo a ultrapassar a marca de 1 bilhão (e em apenas 5 meses) no YouTube. E que é muito engraçado ver aquele coreano dançando.


Uma criança – Mel Maia


Com apenas uma semana no ar vivendo a pequena Rita de Avenida Brasil, Mel Maia encantou a todos. Mostrou maturidade e talento inato nas fortes cenas com Adriana Esteves, Tony Ramos e Vera Holtz.


Uma frase –

Essa semana perdemos a grande Dona Canô. Pra esse fim de ano fica a sua frase, dita em setembro, em ocasião do seu último aniversário: “Viver é bom, mas saber viver é melhor”. 

Que saibamos viver em 2013 e que a arte nos aponte uma resposta. Evoé!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CHICO BUARQUE SOBRE OSCAR NIEMEYER

Mesmo com 104 anos, Niemeyer permanecia pensando, trabalhando, arquitetando. Seu fôlego incansável e suas curvas únicas impressionavam a todos. Não é preciso ler placas ou perguntar para um guia, as obras de Niemeyer surgem imponentes onde quer que estejam - O Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, o Museu que leva seu nome, em Curitiba, Brasília inteira... Desse modo, perdemos um gênio. Um cara que traçava as curvas na arquitetura como os poetas escrevem as curvas de uma mulher.

E Chico Buarque (que sabe muito bem como cantar as curvas de uma mulher) escreveu um pequeno textinho na ocasião que Niemeyer completava 90 anos, em 1997, que acho legal publicar aqui:

"A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. 
Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! 
Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar."
Chico Buarque

(publicado em SILVA, Fernando de Barros e. Folha Explica Chico Buarque: São Paulo: Publifolha, 2004)


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

TEATRO: FLOR DE OBSESSÃO/CINE-THEATRO

Segue aqui no blog as duas montagens que eu participo. Estão todos convidados!!!
Cine-Theatro é uma adaptação de um texto do Grupo Galpão. Comédia super bacana!
Flor de Obsessão é fragmentos da obra de Nelson Rodrigues: as cenas fundamentais de suas peças e de 'A Vida Como Ela É...' - vale a pena! Compareçam!!!!


CINE-THEATRO
Orientação/Direção: Larissa Sanguiné e Leo Maciel
Dias 06 e 07 de Dezembro, às 21h 
Teatro Museu do Trabalho (Andradas, 230)

Flor de Obsessão
Orientação/Direção: Zé Adão Barbosa
Dias 14, 15 e 16 de Dezembro, às 21h
Teatro Museu do Trabalho (Andradas, 230)