sexta-feira, 6 de abril de 2012

CINEMA: A qualidade cênica de "O Artista" e a qualidade técnica de "A Invenção de Hugo Cabret"



Foi a primeira vez em muitos anos que o Oscar premiou com igual número de estatuetas dois filmes: O Artista e A Invenção de Hugo Cabret, ambas com 5 – os filmes mais premiados do ano. “O Artista” levou os prêmios principais (Filme, Direção, Ator. Além de Figurino e Trilha Sonora Original), já “Hugo Cabret” levou estatuetas técnicas (Mixagem de Som, Edição de Som, Efeitos Visuais, Fotografia e Direção de Arte). E como a Academia de Hollywood foi justa!
                Os dois filmes são belíssimos, mas “O Artista” é melhor que “Hugo Cabret”.
                “Hugo” (nome original do filme) convida o espectador a passear por um mundo quase encantado, quase País das Maravilhas, tamanha a magia nos olhos do menino, tamanha a beleza fotográfica do filme. Martin Scorsese ousa em realizar um 3D, e poderia até ter explorado mais esse lado, mas como resultado tem o “acordo de paz” com a Academia, onde tantas vezes foi esquecido. Merecia tanto quanto Hazanavicius o prêmio da direção. Duas cenas do filme merecem destaque: a invasão do trem na estação e a descoberta de Hugo dos velhos desenhos de George Meliès. São lindas!
                Mas “O Artista” é, de fato, o melhor filme. O oscarizado diretor Michel Hazanavicius é ousado: fazer um filme nos moldes do cinema antigo, em preto e branco e mudo e transformar esse filme em obra de arte é pra quem tem talento e ousadia. E as interpretações de Juan Dejardin e Berenice Bejo são excelentes, visto que a expressão facial tem que ser aumentada já que não há falas. Há apenas duas coisas erradas em “O Artista”: ele é classificado como comédia, mas na realidade é um drama. Não vá para o cinema achando que dará altas risadas, porque você se decepcionará. E a segunda é que senti muita falta de um beijo entre George e Peppy.
                “O Artista” é mais real que “Hugo”. Fiquei imaginando se algum artista do cinema mudo sofreu o mesmo que George. Bem possível. Já “Hugo” é mais fantasioso, um boneco que precisa de uma chave para voltar a desenhar; mas, apesar de não ser tão real, é bastante verossímil.
                Em “O Artista” ocorre um paralelismo entre a decadência do cinema mudo e a ascensão do cinema falado que torna o filme mais interessante, além de que existe uma mensagem, uma “Moral da História” inexistente em “Hugo Cabret”: o filme lida com o orgulho de George, que quase morre por causa disso, mas que acaba vencendo e voltando à felicidade.
                Mas os dois filmes dialogam muito, principalmente pela homenagem ao cinema do início do século passado. As cenas de cinema antigo de “Hugo Cabret” são bonitas, mas estão em excesso no filme. É tão forte o diálogo que é praticamente igual a cena em que George Valentin (O Artista) e George Meliès (Hugo Cabret) assistem às suas películas, melancolicamente, em casa, relembrando os velhos e áureos tempos. Aliás, seria coincidência o nome de ambos ser George?
                Excelentes e lindos, os dois filmes são um bom exemplo do que o cinema pode produzir de melhor, do que a gente não imagina até enxergar, de fidedignas obras de arte e merecedoras dos óscares conquistaram. Assista! Vale a pena!

Um comentário:

  1. Bela análise querido, assistirei a ambos, com certeza. bj da angel ;)

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