Ao terminar o programa “Na Moral” da noite de ontem – quase uma da manhã - , eu não sabia realmente qual havia sido a minha impressão: esperava mais, mas o programa não deixa de ser ruim.
A começar pelo cenário: é bom! Muito bom! Uma plateia não tão grande dividida em L, um tapete e dois bancos. Lembra uma casa, mas ao mesmo tempo um grande escritório. Cumpre o que o programa quer: um ar de “vamos falar sério”, mas também de “a casa é sua”. Esse objetivo que o programa traz de discussão, de poder dizer o que quiser é raro na televisão aberta brasileira. Lembro-me apenas do Serginho Groismann com “Altas Horas” e “Programa Livre”. E é necessário! É necessário ouvirmos os atores que fazem a TV – suas opiniões, entrevistas, debates. É necessário o diálogo entre ideias opostas, entre visões de mundo antagônicas, é aí que começamos a construir nosso senso crítico. Então nesse ponto, ponto pra “Na Moral”.
Mas vamos com cuidado. O programa não faz jus para tantos elogios. O que é Bial cortando os entrevistados? Demais! Entendo que tem que levar num ritmo rápido (até porque o programa se passa na madrugada), mas Bial deixa raciocínios inconclusos e histórias inacabadas. Tudo isso pra quê? Para ele discursar, discursar, discursar... Sim, muita coisa do que ele fala é aproveitada e são pensamentos bons, mas não precisa ser tanto. 8 de um lado, 80 de outro. Outro fator que me incomodou bastante é tamanha a parcialidade de Bial. Pareceu mais um programa para ele satisfazer seu ego, dizer para todos o que pensa. Por vezes é até constrangedor para o entrevistado (ontem, pelo menos, com o cara do blog e com o paparazzi não resta dúvida). Não convida se for ofender, Bial!
Muita gente “anônima” falou, sim! Se pensarmos, os únicos famosos no programa de ontem eram Pedro Cardoso e Dira Paes. Mas todos esses foram convidados. Senti falta de uma interação com a plateia (novamente cito “Altas Horas”), o inusitado, aquilo que está fora de programa. Os depoimentos só aparecem ao final e rapidamente e o telespectador perde com isso.
Aquela coisa de “artista-dj” também não convence. Pra quê? Deixa um artista ali o programa inteiro, mas não precisa mostrar a Dira Paes tentando colocar um fone de ouvido e improvisando ao não conseguir. As discussões são rápidas demais e, por conseguinte, superficiais (a fala do Pedro Cardoso ilustrou bem isso: “Acabou? Mas já? Eu tinha um caminhão de coisa pra falar”).
É bom ver Pedro Bial além do Big Brother. Sim, o cara é um bom repórter e bom apresentador (ele mostra estar bem a vontade, aliás), além de ser um cara muito inteligente. A ideia e o design de “Na Moral” também são ótimos. Mas ainda faltam alguns ajustes. E uma estabilidade, pois ao que parece a participação dos convidados e a escolha dos temas definirão o sucesso ou o fracasso do programa nas próximas semanas.
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