
O tema em si já e bastante
convidativo, mas o enredo desperta ainda mais a curiosidade: dois casais
casados, de meia idade e relativamente com vidas já bem estruturadas se
encontram para discutir uma briga de escola. O filho de um casal agrediu o
filho do outro casal. Os pais do agredido resolvem convidar os pais do agressor
para um “chá das cinco” em casa. E aí...
Bem, e aí o que acontece é o mais
imprevisível à medida que os quatro vão se descobrindo do social (no sentido de
“des” + “cobrir” = algo como “tirar o que está coberto”) e permitindo uns aos
outros mutuamente se descobrirem (no sentido de “achar algo que estava
desconhecido, oculto”, “fazer uma descoberta”). Mesmo que, em todos os quatro
personagens, esse movimento seja mais involuntário do que propriamente
proposital. É assim sempre: todo mundo quer manter as aparências.
O filme é brilhante (e ouso
dizer, obra-prima) quando se percebe esse movimento, muito tênue e sutil. E, me
desculpe Polanski, mas esse é um dos poucos filmes, acredito eu, que os
trabalhos dos atores são mais importantes para o conjunto, pois as
interpretações (e suas reações, entoações, pausas) são fundamentais. Daí
encontramos Kate Winslet, Christoph Waltz (recém oscarizado), Jodie Foster e
John Reilly.* Estamos bem acompanhados, não?

E como todos estão no particular,
surgem as inevitáveis brigas de marido e mulher de ambos os lados. De repente,
as brigas de casais transformam-se em uma guerra de sexos. Enfim, é uma carnificina,
uma peleja em que um destrói o outro até chegar ao nível insano que encerra a
película. Uma obra que vale assistir pra lembrar que todos nós estamos sujeitos
a uma carnificina quando valorizamos a aparência e preterimos a essência.
*Na montagem brasileira do texto
para os palcos, os atores são Julia Lemmertz, Paulo Betti, Débora Evelyn e Odã
Figueiredo. Você pode ler um pouco mais sobre a montagem aqui no blog.
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